Doenças de Citrinos   image
DOENÇAS CAUSADAS POR FUNGOS
Verrugose:
Manchas salientes, irregulares, corticosas que nas laranjas doces se localizam quase que exclusivamente nas frutas, sendo raras nas folhas. As lesões de coloração amarelada depreciam o valor da fruta. Em limão-cravo ocorre também nas folhas. A infecção nas frutas ocorre quando ainda estão pequenas e os tratamentos preventivos com fungicidas adequados tem dado excelentes resultados.
Melanose:
Pequenas lesões arredondadas de cor escura que ocorrem em galhos, folhas e frutos. Como a verrugose deprecia o valor da fruta, deve ser combatida com pulverização de produto à base de cobre, após uma poda de limpeza de galhos secos.
Rubelose:
Manifesta-se pelo rompimento da casca e morte dos galhos; examinados, mostram-se estar revestidos pelo fungo, que se apresenta inicialmente como leve camada clara e que se torna amarelada ou salmão. Seu controle se realiza através de eliminação dos galhos secos e uso de uma pasta à base de cobre para proteger os cortes. Bons resultados tem sido conseguidos, efetuando-se o pincelamento dos ramos afetados com Carbolineum (produto utilizado para preservação de madeira). Inclusive em estágio inicial da doença desnecessário torna-se cortar o ramo atacado pois este deverá se recuperar.
Gomose:
Ataca a casca, a parte interna do tronco, raízes e ramos das plantas. Geralmente o fungo invade a planta na região próxima ao solo, e que foi acidentalmente ferida por ferramentas. O local doente solta a casca e deixa escorrer uma goma escura. As partes afetadas deverão ser raspadas e pinceladas com uma calda à base de cobre a 3%, ou mesmo carbolineum que também tem sido utilizado com bons resultados.
Moléstias causadas por vírus
As principais são: a sorose, a xiloporose e a exocorte. Não há meio de controle. Devem ser prevenidas pelo uso de borbulhas rigorosamente selecionadas, tiradas de plantas sadias.
Sorose
Pequenas pústulas aparecem nos ramos e galhos principais, normalmente quando as plantas atingem cerca de 10 a 15 anos.
Essas erupções vão aumentando e chegam a descascar. Há exsudação de goma quando a doença se torna severa. A planta degenera lentamente, ficando improdutiva e sendo necessária a sua eliminação.
Por ser uma doença que normalmente se manifesta em planta adulta e considerando o quadro anterior, ao observar-se a alta incidência da sorose, pode-se avaliar o perigo para citricultores que investem vultosas quantias nos seus pomares, quando estes podem estar contaminados, sem, entretanto, mostrarem ainda os sintomas.
Xiloporose:
É aparentemente uma doença pouco importante para a citricultura paulista. O vírus produz, na planta atacada, deformação no lenho. Há a formação de depressões profundas no lenho e correspondentes projeções salientes desenvolvendo-se na parte interna da casca. Há acúmulo de goma nos tecidos de casca que certamente prejudicam a circulação dos nutrientes, e a planta assim paralisa o seu crescimento. A laranja Barão é altamente contaminada e o porta-enxerto do limoeiro cravo é sensível. Assim deve-se evitar a enxertia da primeira no segundo.
Exocorte:
Afeta somente o limoeiro-cravo, Poncirus trifoliata e seus híbridos, que são geralmente empregados como porta-enxerto. Quando variedades contaminadas são enxertadas nesses cavalos, o vírus provoca o aparecimento do escamamento e erupções na casca do porta-enxerto. Esse dano causado à casca interfere no desenvolvimento normal do sistema radicular e as plantas paralisam o desenvolvimento. Com exceção da variedade Pêra (8,4% contaminada), as demais variedades de importância comercial estão fortemente contaminadas.
Os sintomas dessa virose manifestam-se quando as plantas ainda são jovens, havendo casos raros de sintomas em mudas ainda no viveiro.
Leprose:
É causado por um vírus disseminado por um ácaro de coloração alaranjada intensa a vermelho, que apresenta corpo achatado, de tamanho reduzido, cerca de 0,3 mm, 4 pares de patas e movimentos lentos.
Os sintomas podem aparecer em ramos, folhas e frutos. Nas folhas aparecem manchas claras com halo claro característico e o centro quase sempre necrosado. Nos frutos verdes aparecem manchas verde-claras, rodeadas por um anel amarelado que sobressai da cor verde da parte roxa infectada do fruto. Com o amadurecimento deste, tais manchas tornam-se pardas ou escurecidas, ligeiramente deprimidas, de tamanho variável, às vezes com pequenas rachaduras. Os frutos, quando atacados, ficam bastante depreciados ou mesmo inutilizados para o mercado de frutas frescas pela sua aparência repugnante. Nos ramos provocam manchas que se transformam em pústulas salientes, dando-se, finalmente, a soltura da casca. Evita-se a disseminação da leprose controlando-se o “ácaro da leprose”, com pulverizações de enxofre molhável a 0,3-0,7% ou clorobenzilato a 0,12% ou ainda dicofol a 0,15%, além de outros acaricidas específicos.
“Tristeza”:
Não foi incluída no citado levantamento por ser também e principalmente transmitida por um inseto, que é o pulgão-preto (Toxoptera citricidus). Assim, é de se esperar que todas as nossas plantas cítricas estejam contaminadas por essa virose. Face ao abandono do uso do porta-enxerto de laranja azeda, altamente sensível à “tristeza”, as plantas hoje contaminadas ainda vivem satisfatoriamente segundo os graus de intensidade do ataque.
Entretanto, no caso de ataque forte do vírus da “tristeza” em plantas de laranja-pera em qualquer de seus cones e independentemente do porta-enxerto, seus ramos geralmente mostram sintomas de “caneluras” (“stem pitting”) associadas com a presença de goma nos tecidos. Paralisação no crescimento e produção de frutos pequenos e descoloridos são sintomas adicionais nas plantas atacadas. Limoeiro galego e pomeleiros também são sujeitos aos mesmos sintomas, razão da pequena longevidade dessas espécies de plantas cítricas.  Não há medidas de prevenção, em virtude da presença do inseto vetor, que transmite o vírus de árvore a árvore, como também pela borbulha, na ocasião da “enxertia”.
Evidentemente, as doenças de vírus constituem hoje o maior flagelo da citricultura. O único meio de controlá-las é a prevenção. Assim, somente deve-se adquirir mudas cítricas dos viveiristas que tenham seu viveiros legalmente registrados no Instituto Biológico e apresentem o “Certificado de Sanidade de Estabelecimento Agrícola”.
DOENÇAS BACTERIANAS DOS CITROS
CANCRO CÍTRICO
A literatura registra cinco formas diferentes de cancro cítrico (Stall & Civerolo, 1991). As principais diferenças entre essas formas da doença são a gama de hospedeiros, a severidade e a sintomatologia. A forma Asiática, também conhecida como cancro ou cancrose A, é a mais amplamente disseminada e a mais severa das doenças.
O cancro cítrico, causado por Xanthomonas axonopodis pv. Citri (Hasse, 1915) Vauterin et al. 1995, é originário da Ásia e a primeira descrição da doença foi feita em 1912, quando de sua introdução na Flórida, Estados Unidos, por meio de mudas de citros originárias do Japão (Agrios, 1997). A doença é encontrada em pelo menos 30 países, sendo endêmica em todos aqueles produtores da Ásia e em vários outros da América do Sul, como Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai (Feichtenberger et al., 1997 e Amorim & Bergamin Filho, 1999).
No Brasil, a primeira observação de ocorrência do cancro cítrico deu-se em 1957, por A. A. Bitancourt, no município de Presidente Prudente (SP), segundo Rossetti et al. (1982). Disseminou-se para outras regiões paulistas e outros estados, como Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul (Feichtenberger, et al., 1997 e Cosave, 2000)
O cancro cítrico tem causado graves prejuízos à citricultura brasileira é um dos fatores responsáveis pela recente queda na safra de laranja, cuja produção vinha numa curva ascendente até atingir o pico de 428 milhões de caixas, na safra 1997/1998. No período 1998/1999, caiu para 330 milhões de caixas. O processamento na industria caiu de 318 milhões de caixas para 279 milhões, o que significa cerca de 500 mil toneladas de suco a menos. O reflexo imediato é a queda na movimentação do porto de Santos, menos divisas para o país e perda de espaço no mercado internacional, entre outros fatores (Fundecitrus, 2001).
O cancro cítrico causa lesões locais em folhas, frutos e ramos, as quais são levemente salientes, corticosas, da cor de palha ou pardacentas. Nas folhas, as lesões são salientes e correspondentes nas duas faces, circundadas por um halo amarelo que desaparece, quando as lesões ficam mais velhas. Nos frutos, elas podem atingir de 2 a 10mm. Os frutos atacados geralmente caem antes de atingir a maturação final. Nos frutos verdes, observa-se o anel claro que rodeia as lesões, o qual desaparece com o seu amadurecimento. As lesões podem-se juntar tomando grandes áreas e provocar o rompimento da casca, o que torna os frutos imprestáveis para o comércio. Nos ramos, as lesões podem-se unir formando crostas, que provocam a morte deles quando atingem grandes áreas. Ataques severos da doença podem provocar desfolha com conseqüente depauperamento de plantas, e queda prematura de frutos. Alguns sintomas causados por outros patógenos podem ser confundidos com os sintomas do cancro cítrico, sendo importante uma diferenciação segura desses sintomas.
A disseminação a curtas distancias se dá, principalmente, por chuvas e ventos, mas o principal agente disseminador é o próprio homem, por meio do transito indiscriminado de pessoas pelos pomares, materiais de colheita e de veículos. A longas distancias, a disseminação ocorre por meio de material de propagação doente.
Clorose variegada ou amarelinha
Tem sido constatada em pomares do Norte do Estado de São Paulo desde 1987 (Rossetti et al., 1990).
Caracteriza-se pela presença de manchas cloróticas nas folhas, que evoluem para uma clorose variegada. Inicialmente, os sintomas manifestam-se em um ramo da planta, mas posteriormente toda a planta é afetada. As plantas produzem frutos pequenos e endurecidos, e tornam-se praticamente improdutivas.
São afetadas plantas de laranja doce das cultivares Natal, Pêra, Hamlin, Seleta e Valência enxertadas sobre limão ‘Cravo’, tangerina ‘Cleópatra’ e limão ‘Volkameriano’. Aparentemente, plantas de lima ácida Tahiti e tangerinas não apresentam sintomas (Rossetti et al., 1990).
No pomar, a doença ocorre inicialmente em plantas ao acaso, porém passa a ocorrer em reboleiras. As plantas mostram os primeiros sintomas dos três aos cinco anos de idade. A doença progride rapidamente e, em dois a três anos após a primeira constatação do problema, o pomar torna-se praticamente improdutivo. Sintomas de clorose variegada têm sido observados também em plantas de viveiros.
A causa da doença ainda não foi determinada. Entretanto, a bactéria Xylella fastidiosa Wells et al tem sido consistentemente encontrada em tecidos vasculares de folhas e ramos de plantas cítricas com clorose variegada (Leite & Leite, 1991).
Algumas medidas devem ser adotadas para prevenir a introdução da doença no pomar. A recomendação básica é a utilização de material propagativo sadio, proveniente de plantas matrizes registradas ou de plantas selecionadas de pomares sem histórico da doença.
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